Wednesday 11 July 2007

Imortal (Vida)





O que poderia ser de mim
Se a fimbria de meu vestido
De imortalidade fosse contido
E meu epílogo não tivesse um fim?

Por que ser imortal?
Para ver tudo que tens
Amores de vais e vens
Em uma tristeza infernal?

Feliz, sou eu, meu amigo,
Saber que tenho um lugar a minha espera
Enfurnada a sete palmos da terra
Saber que a Sª. Morte retirará meu castigo.

Meu sangue tão vermelho quanto uma rosa
Que brota n’uma doce tarde de agosto
Ficará negrume e coalho de desgosto
Como desbota a rosa no fim d’uma tarde desgostosa...

Imortal? Só minha pura essência,
Que resvala na janela como uma gota
Que nesta vida ninguém nota
Que me mata a tola inconsciência...

Para que a imortalidade?
Um dia há de me dizer
O que um imortal ser
Desfruta d’uma cínica felicidade...

Não, meu querido leitor,
Deixe-me aqui, sozinha,
Com palavras só minhas
Sabendo que um dia terá fim minha dor...

Imortal? Jamais.

Escrito por Marcelle Castro

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