Aguarda, pois.

Meu querido amado, bem eu sei
Que em breve riremos onde chorei
E iremos partir para fora no mundo
E nos amaremos ao amanhecer
E morreremos ao anoitecer
Grandes pompas ao nosso triunfo!

Lá é onde há paz para os ébrios
Lá é onde há o pundonor dos mistérios!

Não turbes o vosso coração, ainda não é hora;
Logo o ocaso irá surgir muito sem demora
E lembra-te da nossa vesana viagem
Onde nos beijaremos a cada chuviscar
Onde nos esqueceremos do temível arfar
Mil noites e dias para marcar nossas imagens!...

Lá é onde há paz para os ébrios e cansados,
Lá é onde há pundonor dos mistérios dos fadados.

Escuta, pois, a minha cantilena branda
Repleta de promessas que em mim anda
O dia em que nossas mãos hão de se unir
E cantaremos pelo mundo que adormece
E viraremos as costas ao que nos entristece
Infinitos sonhos tão sonhados hão de vir!...

E é lá aonde iremos nos inebriar cansados,
E é lá aonde teremos pundonor em nossos fados.

Escrito por Marcelle Castro