Wednesday 25 April 2007

O amor não me ama



Digo-te: o amor não me ama!
E eu sofro por tanto amar
Alguém que quero muito tocar
Sempre sonho, inquieta, em minha cama.

O odiento amor largou-me ao léu!
Por que deixara que meus olhos dementes
Plantassem em meu coração sementes
D’um amor distante, que me leva ao mausoléu?

Oh! Aos demais, digo-vos n’um arfar:
Este amor habita o ermo d’um coração
Que palpita no macilento peito em aflição
E enleia-se todo com um simples olhar.

Aqui, na solidão atroz e insana,
Fadada a me ter com a distancia
E, no coração, amor em abundancia;
O que será de mim? Sou uma profana:

Porque o teu eflúvio, sim, me deixa lasciva,
E eu nunca pude, de perto, me inebriar,
Mas quando sinto tudo que é teu, é como voar.
Sim, digo-te, deste amor sou uma eterna cativa.

Mas cá estou, nestes rotos caminhos,
A esperar-te com os braços abertos
Porque sei que ‘nós’ seremos libertos
E não mais seremos sozinhos!

Sim, o amor não me ama, disso eu sei,
Mas também sei que sou humana!
E tu me tens. Abusa-me, me chama!
Porque ele me permitiu amar-te sem regra ou lei.

E aguardo em lasso... O nosso dia.
Que por um capricho do amor
Nos deixa neste sufocante temor
Mas logo virão dias de alegria...

Sim, o amor não me ama.
Mas amo amar-te tanto, tanto...
Sim, o amor não me ama.
E espero-te, se for preciso, até n’um antro!

Escrito por Marcelle Castro

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