Monday 16 April 2007

Indesejada




Pergunto-me sempre: Por que sou assim?
De poucas palavras, vista como a escusada,
Obliterando a juventude que não volta, trancada
Em meu quarto, minha geena, por fim.

Aos olhos do mundo: A criatura esquisita!
Meus olhos ao mundo: Não pertenço!
Lançada n’esquecimento com meu olhar sempre tenso,
Já me obsedei de que há mais importância n’um parasita –

Ao menos causa incômodo aos que querem concentração
Eu, decerto, causo incômodo a mim mesma
Que toda noite, pensando e escrevendo, acabo uma resma
E o que me resta? As rotas paredes da solidão!...

A lágrima resvala na face de quem mais amo
Oh! Desgraça infinita! Posso fazer minha mãe chorar
A pessoa mais sagrada ao meu olhar
Sou digna de morrer pelos meus erros profanos!

Já não me restam muitas forças... Só me restam os porquês
Que dia e noite atormentam o meu demente ouvido
Já basta minha insuficiência por nunca certo ter agido
Atar as mãos e deixar fanar toda minha sensatez!

Talvez, eu seja fruto d’um sonho mal sonhado,
Alguém que quisera m’encontrar e só me perdeu!
Uma pedra lançada n’abismo, assim sou eu,
Um ser tão inútil que se tornou indesejado!...

Escrito por Marcelle Castro

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