Wednesday 18 April 2007

Fantasma Pianista



Ele ateava toda magnitude daquele tácito teatro,
Onde ali jazia toda a dor d’atores esquecidos,
Um mausoléu de risos passados e dramas falidos,
E nem suas lembranças foram eternizadas n’um retrato!...

Naquele palco de madeira pútrida e desgastada
O assistia tocar n’um piano de notas empoeiradas,
Sua música dava vida às paredes e poltronas quebradas,
E eu, ao longe sentada, apenas o observava!

Seus cabelos e olhos negros destacavam sobre sua pálida cor,
Com um olhar mortiço sempre atento a música fria,
Chorava pequenos diamantes da solidão em que vivia
Naquele enfaro palco a quem sua única companheira assistia, a dor.

O solitário fantasma pianista vaticinou s’alma triste
E tocando infindáveis noites d’infindáveis sofrimentos
Musicava todo seu amor nunca vivido! (Ah! O eterniza!)...
Por nunca ter tocado as mãos de quem amara e seus sentimentos
O eternizou naquele teatro onde dava vida ao que já não existe...
Inclusive a mim, uma solitária poetisa.

Escrito por Marcelle Castro

No comments: