Sunday, 20 April 2008
Tácitas palavras
É tão vergonhoso saber que foi tudo em vão
Que de nada valeu o esforço d’uma vida...
É triste ver um pouco de si indo à escuridão
E , pior ainda, saber que não se há saída...
Oh, meus queridos pais, se por acaso pudessem ver
Como sou relutante a minha grande deficiência...
Não pensais que não lutei contra o que destrói meu ser,
Poucas forças eu tenho à dor, minha hedionda eminência...
Se porventura no passado escuro tivessem me privado a vida,
Eu não teria conhecido a angústia de saber o que é respirar,
O que provém de entranhas errôneas não se poderá libertar,
Das garras da mãe tristeza que me envolverá até minha partida...
Não se sintam culpados pela vida perturbada da qual geraram
Nem tampouco se sintam culpados pelo nada que me falaram!
Não vos culpo por ter nascido fadada a definhar em agonia,
Não vos culpo por minha tolice e covardia.
[pela vida, pela vida]
Escrito por Marcelle Castro.
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