Friday 25 May 2007
Têmpora Doente
A rústica carótida que insiste
Rutilar um cérebro deficiente
Com o rubro sangue insuficiente
A neurite, gozada, que apenas assiste.
É a estropia vesana n’um carpo doente
E a sangueira neural que um tinido leve
Fez-se do encontro metálico à pele,
Meu conjuntivo seca-se fremente.
E quando meu túrgido e macilento braço
Que une minha ígnea vida às terras que me drenam
E o chão que meus ancestrais sofreram
Deixo uma coalha marca roxa, quase negra, no estilhaço.
O amor em meu coração fora um vil inato
O pulmão respira com dificuldade e moribundo
A pilhéria escorraçada pelo fundo do estulto mundo
Obsedo-me que o mundo é estagnado!
Meus presságios d’uma vida vil, porém iludida;
Confundem-se nos meus olhos tremeluz e estrugido
E arduamente meus neurônios percebem quão estúpido
Fora eu em ver um amanhã diferente da vida sofrida!
E quando esta dor acabar em uma simples lufada,
Finalmente minhas pálpebras se beijarão em aprazamento
E nunca mais verão a luz, a fria escuridão será meu eterno alento!
Minha pele será um pergaminho seco junto à ossada.
E quando minhas têmporas forem lançadas
N’uma tórrida fogueira como os heréticos
Irei d’encontro ao solo dos mundos estéticos
Serei pisada por outras vidas fracassadas!
Escrito por Marcelle Castro
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